quarta-feira, 18 de maio de 2011

DNA para todos. Estamos preparados?


A reportagem da VEJA desta semana (‘DNA Para Todos’, 27 de abril) me chamou a atenção. Ela fala do lançamento do novo sequenciador de DNA a um custo que poderá tornar os testes genéticos acessíveis a muitos consultórios.
Na semana anterior, a revista Pediatrics (18 de abril) publicou uma reportagem  acerca da atitude dos pais em relação a testes genéticos na pediatria para doenças comuns de adultos, o que demonstra que esses exames estão se popularizando cada vez mais.
Por enquanto, esse novo equipamento permitirá analisar genes já conhecidos mas em um futuro próximo será capaz de analisar o genoma completo. Descobrir se temos mutações ou variações em nossos genes vai se tornar cada vez mais fácil, mas entender o seu significado não é trivial.
Quem vai interpretar os resultados? “Achei uma mutação no seu DNA, ou na de seu filho, mas não sei o que isso significa” Será que vamos ajudar as pessoas ou corre-se o risco de que isso vire um grande comércio gerando novas angústias, principalmente nos hipocondrìacos? Estamos preparados para isso?
E os pais? Vão querer testar seus filhos? É o que discute uma pesquisa americana recente liderada pelo cientista Kenneth Tercyak , da Universidade Georgetown em Washington.

O que pensam os pais acerca de testes genéticos pediátricos para doenças comuns?

Para responder a essa pergunta, foram entrevistados 219 pais que responderam a um questionário sobre a sua atitude em relação a submeter seus filhos a um teste genético múltiplo para estimar o risco de virem a desenvolver oito doenças comuns de adultos: câncer de colon, pele e pulmão, colesterol aumentado, osteoporose, cardiopatia, hipertensão e diabetes tipo 2. Os pais tinham que decidir acerca dos benefícios versus riscos (ou aspectos negativos) em submeter seus filhos a esses testes preditivos. A enquete mostrou que  51% dos pais eram a favor de testar os filhos .Segundo eles a informação poderia resultar em uma melhoria na manutenção da saúde, prevenção de doenças e outros benefícios pessoais durante a infância e no futuro de suas crianças.

Entretanto o Dr. Tercyak chama a atenção para o que eu tenho repetido constantemente: a dificuldade em interpretar os resultados dos testes genéticos. Segundo ele, um resultado em uma criança apontando um aumento de risco poderia causar reações negativas entre pais e filhos sem trazer nada de positivo.

Quais seriam então os benefícios dos testes preditivos?   

É interessante lembrar que uma pesquisa recente publicada na revista New England Journal of Medicine mostrou que os resultados de testes acerca de riscos genéticos em adultos não os influenciaram em aspectos como ansiedade, hábitos alimentares ou  atividade física. Ou seja, os autores concluem que a informação acerca dos resultados desses testes genéticos não teve efeito psicológico, comportamental ou clínico nos consumidores, pelo menos a curto prazo. E mais ainda: o artigo comenta que apenas 10% dos médicos nos Estados Unidos têm conhecimento suficiente para entender o significado de um teste genético.

Se os resultados dos testes genéticos não influenciam os adultos, por que testar crianças?

Apesar disso, o lançamento de seqüenciadores de DNA de baixo custo indicam que haverá uma proliferação de testes genéticos para adultos e a tendência é que migrem para a área pediátrica. E se o resultado genético mostrar que seu filho não  tem risco aumentado de ter altos níveis de  colesterol, obesidade ou hipertensão? Isso garante a seu filho que ele será um adulto saudável e  ele poderá então  ser liberado para comer de tudo sem restrições e sem praticar exercícios físicos?

Não há contra indicações     

Levar uma vida saudável, com uma alimentação balanceada e atividades esportivas, respeitando sempre a vocação e o limite de cada criança, é a receita que deve ser prescrita a todos, independentemente de riscos genéticos. Todo mundo sabe disso. Não há contra-indicações. E se as crianças quiserem, poderão se submeter a exames genéticos quando forem jovens adultos. Portanto, para que os testes de DNA preditivos?



Por Mayana Zatz
Indicado por: Guilhardo Martins
Fonte: Veja / Abril

                                                                                                                                                  
                                                                         Cristóvão Lopes

6 comentários:

  1. É uma divisão de opiniões, pois para muitas pessoas é algo bom, e para outras algo ruim. Na minha visão, o exame tem seu lado positivo e negativo, pois a forma como ele vai chegar a sociedade será uma tradução do impacto causado, e mais a frente o desespero de certas familias em saber que seu filho(a), ou o próprio carrega com si uma doença. E olhando pelo lado positivo, acho que se for de uma maneira bem estruturada e se haver preparação para a recepção dos exames na sociedade, haverá sim um bom desempenho dos exames nos respectivos cotidianos das pessoas!

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  2. Na minha opinião vai ter um lado positivo e um lado negativo. Porque vai ser bom saber se aqui alguns anos vai ter uma doença que nao tenha cura, mas o pior vai ser conviver com isso, pois a pessoa pode morre antes do tempo por botar na cabeça que vai morrer,mas a doença possa vir com mas de 25 anos. E no caso de fazer em criança é botar na cabeça de uma pequena criança que não sabe de nada que aqui ha um tempo vai ter uma doença sem cura isso é uma coisa muito chocante. Ia ser bom se chega-se com muitas tecnicas,estrutura para receber isso.

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  3. É importante analisar os pontos positivos e negativos dessa questão. Positivamente,podemos observar o avanço da tecnologia e sua integração na aréa da medicina. Por outro lado, este procedimento poderia causar uma verdadeira confusão na sociedade, que não está adaptada para receber esse tipo de mudança. Se analisarmos bem, veremos que se uma mãe submeter um filho a esse procedimento e se for diagnosticado que a criança, daqui a alguns anos, desenvolverá uma doença, tanto a mãe quanto a criança ficaram chocados com essa notícia, podendo assim também adoecer precocemente. É bom salientar também, que vivemos em uma sociedade desigual, onde alguns teriam condições de serem tratados dignamente e outros não. Essa situação envolve um conjunto de fatores que devem ser bem analisados, uma vez que as pessoas e até alguns médicos não estão preparados para esse tipo de mudança.

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  4. Tem sim seu lado positivo,e seu lado negativo. Mas se pessarmos bem,é um grande avanço cientifico. O ruim é,saber que no futuro seu DNA sofrerá uma mutação,isso pode fazer com que muitas pessoas sofram antes do tempo,podendo assim causar outra doença,agravando mais sua situação. Acredito que muitos pais não concordarão com esses textes em seus filhos,porque a antecipação de uma noticia de mutação no Dna de seu filho,causaria um pani nas suas vidas. Saber que eu vou ser saudável no futuro não quer dizer que isso realmente aconteça,nós podemos mudar essa situação comendo varias coisas diferentes,coisas que nos prejudique,podendo assim fazer com que essa postura do nosso organismo se danifique e se altere,com reações não boas.

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  5. Bem, apesar de que, o exame "Pode trazer beneficios para o futuro", ele nos tras tal constrangimento no presente pois ao saber do resultado nossos atos poderão interferir em uma vida mais ou menos saudáde. Edcarla Soares

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  6. Existe os pontos negativos e positivos. Claro. Mais estamos preparados para lidar com esses novos conhecimentos que conduzem a intimidade das nossas vidas? Os pais concordariam em deixar seus filhos fazerem parte de um "teste"? Não se pode negar que seria um grande avanço da tecnologia dentro da medicina, mais não podemos esquecer, que essa idéia só pode ser levada adiante se a sociedade estiver de pleno acordo.

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